Esportes e tecnologia não são uma combinação nova. Atletas profissionais utilizam há muitos anos dispositivos que coletam informações sobre a performance e o estado do corpo deles para melhorar o desempenho nas competições. Mais recentemente, o barateamento desses aparelhos permitiu até mesmo que esportistas amadores tenham acesso a dados sobre distância percorrida e intensidade do exercício praticado.
Mas esse é só o ponto de partida de uma revolução que está mudando a forma como testamos os limites do corpo humano. Examinar jogos para formular a melhor estratégia, criar gráficos detalhados com evolução de desempenho e até mesmo melhorar a qualidade das transmissões na televisão. Tudo isso está sendo feito com o uso de análise de dados e inteligência artificial.
Coletando e usando dados no campo e na quadra
Em geral, os esportes mais populares nos Estados Unidos costumam sair na frente quando o assunto é o uso de novas tecnologias. Você provavelmente conhece a história de como isso foi feito no baseball, em um acontecimento imortalizada pelo filme “O Homem que Mudou o Jogo”, estrelado por Brad Pitt. Ele mostrou como a análise de dados contribuiu para a criação de um time competitivo por uma equipe com um orçamento baixo.
Pode parecer exagero, mas é mesmo assim que as coisas funcionam e técnicas como essa são hoje comuns em diferentes modalidades. No basquete, por exemplo, todas as equipes da NBA usam um sistema de visão computacional para analisar o movimento da bola e de todos os jogadores durante a partida. Essas informações são então processadas usando aprendizado de máquina para revelar detalhes que podem passar despercebidos pelos olhos mais desatentos.
De mostrar os jogadores essenciais em cada lance a reconhecer colegas que não estão conseguindo trabalhar em sintonia, as estatísticas geradas por essa análise são essenciais para auxiliar a equipe técnica na hora de escalar o grupo. Não é à toa que está cada vez mais comum ver treinadores na beira da quadra utilizando tablets enquanto a partida rola, algo que gerou até a revisão das regras de alguns esportes para permitir que isso fosse feito.
Tudo isso também serve para as modalidades individuais, onde a comparação com atletas de elite pode contribuir bastante durante os treinamentos. Um exemplo disso foi feito por praticantes de windsurfe no Japão. Em parceria com empresas privadas, a associação do esporte no país usou informações coletadas durante os treinos para criar modelos tridimensionais das velas com a atividade dos atletas.
A partir daí foi possível utilizar os modelos para fazer comparações de desempenho com velejadores mais bem posicionados na classificação internacional e ver o que pode ser feito para melhorar esses resultados. É uma técnica que pode ser facilmente adaptada para praticantes de qualquer tipo de atividade física e contribuir até mesmo com os treinos de quem não tem pretensões profissionais.
Novidades também para quem está no sofá
Todas essas mudanças não devem acontecer apenas no campo ou na quadra. A forma de assistir esportes também está passando por alterações e a experiência deve ficar cada vez melhor para quem acompanha as competições no conforto do sofá. Durante a Copa do Mundo da Rússia, algumas amostras desses avanços já estavam sendo utilizados e foram conferidos por quem seguiu a cobertura do evento.
Com a ajuda de uma inteligência artificial e utilizando técnicas de análise de dados, as emissoras podem encontrar novos fatos interessantes sobre times, países, técnicos e jogadores. De forma totalmente automatizada, comentaristas e narradores tiveram a sua disposição informações sobre a média de idade das equipes, histórico de confrontos e performance em jogos anteriores.
Atividades que eram feitas por editores humanos agora estão sendo executadas em uma velocidade bem maior por máquinas, como é o caso dos vídeos de melhores momentos. A plataforma Watson, da IBM, é capaz de compilar todos os lances mais importantes de um jogo de tênis em apenas cinco minutos, um processo que anteriormente poderia demorar horas. Isso já é feito no Torneio de Winbledon, por exemplo, que disponibiliza esses vídeos no site oficial da competição.
Adaptado de: TecMundo